sábado, 3 de março de 2012

O dever esquecido

        Certo rei, muito poderoso, sendo obrigado a se ausentar do reino por muito tempo e desejando por a prova a capacidade do príncipe, seu filho, tomou de grande fortuna e entregou-lhe dizendo:
        -”Quero que empregue toda esta fortuna na construção de uma casa, tão rica, luxuosa, confortável e bela quanto for possível!”
           Aconteceu, porém, que o jovem, muito egoísta, arquitetou o plano de enganar ao próprio pai de modo a gozar todos os prazeres imediatos da vida e passou a comprar materiais inferiores. Onde lhe cabia empregar metais raros, utilizava latão; nos lugares em que devia colocar mármore precioso, punha madeira barata e nos setores de serviço em que a obra reclamava pedra sólida, aplicava terra batida.
   Com isso, obteve largas somas, que consumiu, desordenadamente, em companhia de outros jovens tão desmiolados e irresponsáveis como ele mesmo.
       Quando o rei regressou, encontrou o príncipe abatido e cansado a apresentar-lhe uma cabana tosca e esburacada, ao invés de uma casa nobre. Surpreso e triste, porém sem perder a calma, o rei entregou a chave da cabana e disse:
          -”Meu filho, a casa que mandei edificar é para você mesmo... não me parece a residência sonhada por seu pai, mas devo estar satisfeito com a que você próprio escolheu...”

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